Fruto de uma odisseia entusiasta de quase dois anos de trabalho, começou por ser a Criatura pessoal de um único músico, mas ao ganhar vida moveu quase uma centena de pessoas, transformando-se numa banda que é também um colectivo, unido pela vontade de recriar a Música Popular Portuguesa no séc. XXI. São músicos, criadores, artistas, homens e mulheres. Jovens, os pais da Criatura regidos até então pela mão de Edgar Valente. E junta-se ainda o poderoso Cante Alentejano do Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa.
Dos corpos que teimam em cantar surgem os contos, os cantos e as histórias da pela e dos seus bailes, bem vincados, onde o tempo se estende e se transforma num espaço limitado por fronteiras mas livre de expandir a energia que nele se gera. Aqui a língua desmultiplica-se nos tantos nomes quantas as formas possíveis de se ser tradição. São as ideias e os caminhos, gerações diferentes saberes antigos e sabores do futuro e das suas respetivas sensibilidades e sentidos. É movimento. É, acima de tudo, um trabalho feito de amor à Terra, da música, da arte como ponto de partida para chegar ao homem, do homem que se revisita, que se transforma.
IMPRENSA NACIONAL sobre “A CRIATURA”
ARTE SONORA, Revista
A CRIATURA mostrou em Cem Soldos poder recuperar com elegância o melhor da exploração sonora de José Mário Branco e de Fausto e, ao mesmo tempo, recuperar a importância da palavra na verdadeira música popular portuguesa. Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas o que a “Aurora”, o disco que está para sair, transbordou em palco, é promissor quanto baste. Foi assombroso! Arte Sonora, Revista
PÚBLICO
A CRIATURA traz consigo modernidade e tradição em doses inteligentemente equilibradas, como se a Banda do Casaco pudesse ressuscitar em pleno Alentejo com vigor renovado e idêntica astúcia, acenando-nos com o antigo para fazer brilhar o novo. (,,,) Na noite de 6 de Junho apresentaram ao vivo na Praça da República vários originais, que merecem desde já, um vivo aplauso; e onde as raízes se entrelaçam com visível bom gosto com múltiplos sons da modernidade. Esteve com eles o Grupo Coral e Etnográfico da casa do Povo se Serpa, com quem a Criatura (diz Edgar) tem aprendido a usar criativamente as suas diferentes vozes. E o Coral, que canta alentejanamente a capela, até já brinca: “Agora temos uma banda!”. E Portugal tem uma jovem Criatura que, nascida em Serpa, promete vir a dar que falar. Estejam atentos.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
E se até aqui pouco se falou de música é pela dificuldade de descrever como soa a voz de Edgar quando este, a plenos pulmões, canta: “Quem tem Mão tem tudo e Pai também / Quem não tem tudo pode ter / Mas quem tem pode vadiar pelo tempo / E voltar sempre a casa para comer / E voltar sempre a casa para crescer”. Ou pela dificuldade de descrever aquela espécie de orquestra que, em Aurora entoa e acompanha. “Depois da tempestade vem a bonança / Que quem espera e não desespera sempre alcança”.