ZÉ MARIA – uma voz brilhante

ZÉ MARIA

ZÉ MARIA
uma voz brilhante

Costuma dizer-se com toda a propriedade que no Harlem de Nova Iorque basta dar-se um pontapé numa pedra para de repente surgirem novos artistas na área da grande musica negra sendo o nosso panorama fadista, especialmente nos últimos anos, um pouco semelhante, pois tem-se verificado que periodicamente vão surgindo novas vozes masculinas e femininas e até mesmo, surpreendentemente, uma mão cheia de novos e jovens instrumentistas, que por vezes e em curto espaço de tempo se conseguem notabilizar no meio, atingindo alguns mesmo grande notoriedade; basta verificar-se a idade de muitos dos guitarristas que apareceram nos últimos cinco anos para se confirmar essa agradável surpresa sendo por isso mesmo o fado, a nossa canção nacional por excelência, um autentico viveiro e um grande manancial de surpresas com o aparecimento desses novos valores.
Zé Maria é sem duvida um desses novos “cavaleiros da saudade” que abrilhantam actualmente o fado; demonstrando grande à vontade a cantar, quer composições mais dolentes, quer as ritmicamente mais rápidas e alegres, o que é certo é que na actual música portuguesa e mais concretamente no panorama fadista nacional, há motivos para festejos pois surgiu uma nova estrela, com brilho próprio, uma voz predestinada para marcar forte presença no meio artístico e acima de tudo um artista a demonstrar que, apesar de ter aparecido há pouco tempo na área especifica do fado já não pode, nem deve ser considerado somente mais um nome promissor, mas sim uma certeza; falo de Zé Maria, novel fadista que para além de todas as suas evidentes potencialidades vocais e interpretativas tem também a particularidade de se mostrar já em “Zé Maria”, um letrista e um compositor a ter em conta no futuro, pois apesar de nestas duas áreas estar a dar os primeiros passos, surge com o seu nome já ligado, sozinho ou em parceria, a nada menos de quatro composições neste seu trabalho de estreia, onde na parte autoral podemos encontrar também, entre outros, nomes como os de Júlio de Sousa, Frei Hermano da Camara, Mário Pacheco, Carminho, Jaime Santos, Alfredo Marceneiro ou Tiago Torres da Silva; gostava de chamar a atenção para a produção e direcção musical de Pedro de Castro, a todos os títulos notável, para a criteriosa escolha do reportório, para a belíssima cama instrumental que serve na perfeição os textos e, não desmerecendo das restantes, para três excelentes interpretações do fadista das celebres “Túnica negra” de Frei Hermano, “Por toda a minha vida” da dupla Vinícius de Moraes/Tom Jobim e “Sempre que Lisboa canta”, popularizada pelo grande Carlos Ramos, que certamente aplaudiria de pé esta nova versão do jovem fadista…
Zé Maria, um nome a reter não só pela sua bela voz e pelas suas apelativas interpretações, mas também pelo brilhantismo geral de que se reveste este seu primeiro e promissor trabalho.

ZÉ MARIA

CD edição de autor