UHF – celebração em Ovar

UHF

UHF
celebração em Ovar

Nunca será de mais reafirmar que cada vez que os almadenses UHF lançam um novo disco os amantes do bom rock nacional e em especial os seus admiradores fieis exultam e festejam efusivamente tanto mais que a maldita pandemia lhes tem roubado a hipótese de contactarem assiduamente com o grupo, com os sucessos da banda e com as novas propostas musicais nos espectáculos ao vivo; apesar da mesma pandemia o grupo do meu querido companheiro de lides futebolísticas e amigo Antonio Manuel Ribeiro levou para a frente uma ideia que durante algum tempo lhe germinou na cabeça e tinha muito a ver com o que sucedera há dois anos atrás, mais concretamente no dia 2 de Abril de 2020, em plena cerca sanitária que isolou o concelho de Ovar do resto do país; na altura AMR gravara um depoimento e dera à luz uma belíssima canção de apoio aos locais da terra do famoso pão-de-ló nortenho. Segundo ele:-“…Ovar era uma ilha que nos fazia pensar na dimensão precária dos dias e por isso escrevi  “Toca-me”, que na altura foi a canção escolhida para essa mensagem solitária e solidária com as gentes cercadas pelo inimigo, por vezes mortal,  que então varria o mundo de lés-a-lés”. 

Então finalmente em Maio de 2021, depois de duas datas anteriormente marcadas e posteriormente também adiadas por motivo do segundo confinamento a que obrigatoriamente todos estivemos sujeitos, os UHF voltaram a Ovar para fazer jus a uma promessa e tocar ao vivo no Centro de Artes da Cidade, onde, e logicamente, se foram cumprindo todas as normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias…

O concerto gravado em absoluto segredo ( os presentes só souberam que o show estava a ser gravado na altura da penúltima canção) e que justificadamente acabou por se chamar “Celebrar a vida em Ovar” deu mais tarde origem a um novo disco ao vivo que recentemente viu a luz do dia, um projecto com origem no mesmo concerto e para o qual AMR escolheu criteriosamente o reportório a incluir e que recorda depois:

“…naquela noite houve momentos em que me emocionei, as palavras, potências sonoras com significado intelectual, marejaram-se-me os olhos, e o público, os nossos amigos, a nossa nação, entregou às melodias a força que faz da vida uma alegria partilhada”…”

O alinhamento gerido com o coração e uma mistura de sentimentos deu origem a um concerto absolutamente impar, onde está bem explanada toda a força rítmica dos UHF e as suas grandes potencialidades, é mais que um tributo a uma cidade, é também um grito de alma e um acto fraterno de solidariedade e amor, um espectáculo onde estiveram em evidência não só sentimentos mas também uma entrega fantástica num verdadeiro desfilar de emoções e sucessos aqui bem exemplificados por temas que já fazem parte do nosso quotidiano musical e acima de tudo da história da musica rock em português de que o grupo almadense é um dos mais notáveis estandartes; canções como “Cavalos de corrida”, “O povo do mundo”, “Na tua cama”, “Menina estás à janela” ou “Rua do Carmo”, entre outros, são alguns dos mais flagrantes exemplos desse desfilar de êxitos que transformou o dia 21 de Maio, num disco de grande compromisso e essencialmente num verdadeiro arraial de musica, solidariedade, amor, ousadia, fraternidade e sobretudo…rock!

Com rígidas regras a cumprir como foram as sanitárias e  o recolher obrigatório, algumas falhas houve como o facto de não ter sido possível incluir  a canção de abertura do pré-estruturado alinhamento (“A canção pode ser”) por problemas técnicos, bem como tocar a ultima canção (“Há rock no cais”) que acabou por ser registada em estúdio para poder ser incluída no alinhamento previsto) em virtude do adiantado da hora, mas de qualquer modo aí temos para nosso deleite um disco brilhante, emotivo, fundamental, visceral e marcante  na carreira de um dos expoentes máximos do rock em português – os UHF!

O disco está disponível exclusivamente no site e FB do grupo ou então poderá ser adquirido através do endereço aiemera-lda@sapo.pt; tratando-se de um disco de tiragem reduzida é no entanto bem o exemplo dos tempos que, infelizmente, ainda somos forçados a viver por causa de um vírus “made in China”!  

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CD AMRA