As vivências de Macau
Mais um disco que pretende captar e registar a inspiração dos poetas e músicos de Macau. As letras são de João Amorim e as músicas de João Gomes, um dos elementos de “A Outra Banda”. Os temas versam mais uma vez Macau, mas com a mordaz sagacidade literária do João Amorim. Uma edição que conta com inúmeras colaborações musicais, de origens e estilos bem diversos.
Este disco contém um livreto de 28 páginas.
Em termos gerais os temas deste disco nasceram todos da realidade vivida em Macau pelo autor ao longo dos já largos anos de permanência no território de Macau, durante a administração portuguesa, hoje pertencente á República Popular da China.
A música do João Gomes e os arranjos do Miguel Meneses tentaram, e julgamos que conseguiram, vestir as palavras de João Amorim com uma roupa de som actual, bebendo aqui e acolá, criando uma relação igual entre o sentido da escrita e dos sons, sem grandes preocupações de encontrar um padrão preponderante.
O Grupo chama-se de Ligação para sublinhar a amizade consolidada entre toso ao longo do projecto e com todos aqueles que trabalharam de mais perto.
O disco intitula-se Assuntos Cínicos. Por duas razões: em primeiro lugar porque a ironia, e talvez mesmo algum cinismo benévolo, foram a mola da escrita, porque entenderam que o humor da caricatura, com o seu natural exagero, fazem compreender melhor o que se pretende dizer, neste caso cantar. Como se estava a Oriente dir-se-ia que esta escrita foi desenhada com uma caligrafia de tintas fortes, a tinta da china. Em segundo lugar, em sentido dúplice ou obliterado, pretendeu-se sublinhar o incontornável facto de Macau estar à beira-china, que Macau é China – e que o período de transição que se viveu até 1999, aliás ficado nalguns dos temas – por diferente que Macau possa ser nalguns aspectos após 450 anos de presença portuguesa e abertura ao exterior.
É que, para quem não saiba, existiu em Macau uma Repartição dos Assuntos Sínicos (com s em português arcaico), através da qual se tratavam das matérias que implicavam relações com a China (mais tarde passou a chamar-se de Assuntos Chineses).