À janela do Mundo…

João Almeida e Sakamoto

À janela do Mundo…

O mundo continua em convulsão, quer politicamente, quer em termos climáticos isto já  para não falar em termos de saúde, área nos últimos dois anos assaltada e dominada pelo maldito coronavírus e as suas diversas e perversas mutações que tendem cada vez mais a dizimar a Humanidade e a instalar-se, quem sabe se até em termos definitivos, como aconteceu com a gripe, na vida dos muitos milhões de terráqueos; em Portugal o vírus e as novas variantes estão a deixar tudo e todos em verdadeiro pânico, vacinando-se tudo e todos a torto e a direito, na tentativa de minimizar os seus efeitos, muitas vezes letais!

Em termos políticos continuamos diariamente a aguentar as diatribes, desmandos , atrocidades e  constantes ameaças militares e aos direitos humanos, dos novos nazis dos tempos  modernos, ditadores vigentes e infelizmente bastante actuantes tais como Vladimir Putin, Aleksandr Lukashenko, Xi Jinping,  a pandilha governativa afegã de talibãs ou Nicolas Maduro, entre muitos outros de menor nomeada que, cada um à sua maneira, e fazendo tabua rasa dos direitos humanos,  muitos deles em completo desprezo pela vida humana, vão ceifando vidas, algumas vezes em barbaras execuções públicas (Afeganistão e outros semelhantes) ou prendendo a torto e a direito nos respectivos países, quem ousa opor-se-lhes ou simplesmente discordar eles; ainda na área das migrações continua na Europa e noutras latitudes a permanente odisseia  de milhares de imigrantes, oriundos das mais diversas partes do Globo, que arriscando a vida e arrostando contra ventos e marés tem-se deslocado em catadupa em busca de um mundo e vida melhores, mais dignos e sobretudo mais humanos, mas afinal de contas mais não conseguem senão acabar por ficar confinados, meses ou até anos a fio, a indigentes e miseráveis campos de refugiados, locais quase todos sem um mínimo de condições para uma existência minimamente condigna ou então como sucedeu às mais recentes “vítimas” do  presidente da Bielorrussia a quem muito prometeram, mas que afinal de contas acabaram por ficarem confinados, em miseráveis condições também entre a fronteira deste país e a da Polónia…

Por cá, a geringonça governativa deu o berro e por isso preparamo-nos agora para nova ida às urnas no principio do próximo ano, ao mesmo tempo que no seio de vários partidos os candidatos se degladiam na ansia de se promoverem e conquistarem o futuro favor dos votos, para os quais, a maior parte dos portugueses se tem estado positivamente nas tintas, conseguindo por isso mesmo, e infelizmente, fazer da abstenção o maior de todos os partidos políticos cá dentro de portas!

Ainda debruçado sobre outra janela deste mundo cruel e por vezes bem desumano, merece-me, em termos pessoais, um grande e veemente apupo, organizar-se a comemoração do centenário de nascimento de um antigo laureado da literatura, cujos trabalhos, segundo algumas línguas viperinas, muitos lêem mas poucos entendem, a quem há tempos atrás alguém decidiu entregar de mão beijada e, na minha modesta opinião, sem nenhuma justificação plausível ou justificável, a alfacinha “casa dos bicos” para ela se constituir como o local da “sua“ fundação premiando-se deste modo a memória de um personagem que quando era director-adjunto do DN foi o  responsável por vários afastamentos de colegas do mesmo ofício jornalístico (ele próprio acabou depois também demitido) e que em determinada altura virou costas ao seu País de nascimento, que até chegou a denegrir, ostracizando-o e trocando-o por uma vulcânica ilha canária espanhola local que o nativo da Golegã escolheu para se instalar e viver durante vários anos a fio; pelos vistos em Portugal o “crime” afinal sempre compensa!

Na  minha modesta opinião de português e grande melómano da canção nacional, e uma vez que o fado, ao que se diz, até teve a sua origem em Lisboa, o mesmo local seria apetecível e muito mais apropriado para nele se poder complementar o material existente no Museu do Fado e lá poder assim albergar-se o espolio pessoal de grandes vultos da área fadista, alguns infelizmente já há tempos desaparecidos do nosso convívio tais como Celeste Rodrigues, Pedro Homem de Mello, Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Alain Oulman, Argentina Santos, Tony de Matos, Fernando Farinha, João Ferreira Rosa, Carlos do Carmo, sua mãe Lucilia do Carmo, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos e muitos, muitos outros, bem como fotos, documentos e diversa memorabília oriunda de colecções privadas das muitas dezenas de fadistas ainda vivos, alguns deles ainda em plena actividade, um espólio certamente vasto e riquíssimo que convenhamos faria da actual  morada da tal fundação, onde quase só vão turistas para lá direccionados propositadamente por alguns guias e alguns personagens da mesma cor politica do falecido escritor, um local tão apelativo que iria sem duvida atrair para lá milhares de portugueses e de visitantes estrangeiros que para lá se deslocariam como que em verdadeira “peregrinação” musical e fadista!

Quem sabe até se não seria o local ideal para colocar, em modo de visita e  até audição,  de todo o fantástico espólio, extenso e valioso,  em discos de fado de 78 r.p.m., um arquivo discográfico preciosíssimo de propriedade particular e pessoal de José Moças  da Tradisom, que é sem duvida a maior e mais valiosa de todas as colecções similares  existentes no nosso país?

Para fechar esta janela do mundo, constata-se que pela industria futeboleira nacional e a fazer fé nas televisões, rádios e jornais cá do burgo, continua também o fórróbódó habitual, com visitas inesperadas das várias autoridades, fiscais, e não só, a diversas agremiações desportivas ,“visitinhas” que deveriam ser imprevistas, mas que pelos vistos algumas delas foram pre-conhecidas ou pelo menos sussurradas por  vozes “amigas” dos supostos prevaricadores e por isso mesmo deixaram de ter o efeito surpresa que as mesmas autoridades judiciais pretendiam, quem sabe se por causa de favores, cunhas e amizades que se sabe existirem, num mundo de compadrio e de fuga aos impostos e à legalidade, que tende cada vez mais  a fazer deste País á beira-mar plantado uma verdadeira e viva república das…bananas!!!

Por outro lado, e em termos de equipa das quinas, desde que a senhora de Fátima deixou de estar em sintonia com o “maestro sem batuta”, vulgo seleccionador dito nacional, que é um seu fervoroso devoto, que curiosamente até dá pelo nome de Santos e a quem foi há tempos concedido na capital francesa o chamado “milagre” do Eder, a desgraça tem sido completa com exibições verdadeiramente  deprimentes e medíocres  a que nem o  funchalense “siiiiiim” tem escapado, pois o antigo “lagarto” e madridista fez nesse jogo, a exemplo de outros anteriores, quase figura de corpo presente só lhe faltando mesmo ter levado um cãozinho para passear com ele na relva da catedral da Luz!!!

Pelas suas exibições nos últimos tempos passam se calhar as razões de pela primeira vez ter ficado afastado do pódio dos candidatos à Bola de Ouro, outorgado pelo France -football cujo primeiro lugar acabou por ser merecidamente entregue ao “melhor do mundo” da actualidade futebolística – o argentino Lionel Messi, se bem que, convenhamos, se o prémio tivesse ido para o grande goleador polaco Levandovsky, não ficaria também nada mal entregue!