ZARA TEJO
viagem de emoções
De vez em quando surgem discos que mais não pretendem que dar a conhecer os sentimentos e as emoções de quem canta, transmitindo ao mesmo tempo a quem os ouve leves sensações de paz, espiritualidade e…amor , tudo isto através de canções que geralmente retratam experiências e vivências pessoais onde acabam por se descobrir recônditos sonhos, realidades e caminhos; ora no recente projecto ”Quando penso em ti meu fado” , conjunto de 13 canções interpretado por uma voz que confesso ainda não conhecia – a de Zara Tejo, vamos encontrar uma espécie de viagem pelos ditames do coração, uma jornada pessoal feita de simplicidade, carinho e amor ilustrada por uma serie de composições singelas concebidas com bom gosto, inspiradas, segunda a artista, pela mãe-Natureza, afinal de contas uma natureza que tem sido tão maltratada pelos homens especialmente pelos ditadores vigentes, os que pelos vistos mandam em tudo e todos, também apelidados de Presidentes manda-chuva que acabam exercendo com autoridade e um certo despótico poder as suas arbitrárias vontades que mais não significam que “quero, posso e mando”; não é impunemente que o verdadeiro pulmão da mãe Terra- a Amazónia continua a ser destruída com a maior desfaçatez e com o beneplácito de um verdadeiro ditador, autêntico nazi dos tempos modernos que dá pelo arrepiante nome de Jair Bolsonaro, uma incomensurável zona verde onde os intensos e infelizmente habituais e extensos fogos que se registam um pouco por todo o lado, provocam verdadeiras catástrofes ambientais, desalojam fauna, arrasam a riquíssima flora e acabam afinal por permitir que mais plantações de soja sejam inauguradas o que significa que dentro de anos essas mesmas áreas sejam pouco menos que cultiváveis!
Outros exemplos onde a democracia é esquecida e espezinhada e onde está em vigor um poder governativo verdadeiramente comunista/estalinista estão Rússia e China, não se podendo também esquecer os malefícios causados por muitos milhares de fábricas na Índia e Paquistão e outros “reinos” actuais e politicamente semelhantes, onde esses locais continuam quase incessantemente a debitar gases para a atmosfera terrestre, provocando um brutal aquecimento global impensável há anos atrás e que tem originado diariamente, entre outras desgraças mais, um arrepiante e impressionante degelo nos icebergs dos dois pólos; enfim, parece que cada mais, e cada um à sua maneira, se procura acabar o mais rapidamente possível com a habitabilidade e a vida animal e terrestre num Planeta, que sendo de todos está agora em vias de ser condenado a pura e simplesmente poder…desaparecer!!!
Mas deixemos de lado as desgraças ambientais com que a Humanidade se debate e voltemos ao que é musicalmente positivo:- este projecto de Zara Tejo, dona de uma voz doce, cálida e bem timbrada, que segue segura e determinada na procura do seu próprio trajecto musical, dando os seus recados com certa serenidade e bom gosto ,“amparada” por uma mão cheia de convidados que a ajudaram a fazer deste seu quarto trabalho de originais um projecto bem bonito, que nos mostra uma cantora preocupada em falar essencialmente de ternura, fraternidade, cumplicidade e…amor!
Ernesto Leite (que produziu, fez os arranjos, misturou e masterizou o trabalho), Frederico B.C. , Miguel Vital, David Almeida e especialmente os brilhantes Planície Dourada, oriundos do cante alentejano, cada um à sua maneira contribuiram também com a sua quota parte pessoal para a beleza vocal e sonora deste disco, onde a interprete se revela, uma prometedora cantautora ao assinar ou co-assinar nada menos de 10 de uma totalidade de 13 cantigas que preenchem o reportório deste disco…
Resta esperar que os media deste país lhe concedam, seja radiofónica, seja televisivamente, no mínimo uma atençãozinha, pequena que seja, pois tem acontecido frequentemente nos últimos tempos ( especialmente nas actuais Festas da Vindimas na estatal RTP, nossa e paga com o nosso dinheirinho), concederem-se tempos de antena a algumas vozes pouco mais que medíocres e por isso mesmo pouco interessantes, algumas mesmo de duvidosa qualidade, numa escolha discutível que acaba por deixar no ar uma interrogação pertinente:- como chegaram alguns daqueles artistas até ali, para ocuparem tempo de antena, tão caro e valioso?
Que responda quem souber…
CD Edição de autor