Edição patrocinada pela FUNDAÇÃO MARION ERHARDT
CD 1 – São apresentados os 25 “Lieder” existentes, isto é, todas as canções com poemas de poetas de língua alemã (dos quais os n.ros 6, 8, 9, 11, 17, e 25 são, ao que se sabe, gravados pela primeira vez num CD) e 7 canções com letra de poetas portugueses. Os n.ros 26, 27, 28, e 29 fazem parte das 6 canções portuguesas que, segundo F. Lopes Graça, representam um acto pioneiro da criação consciente da “Canção de Câmara portuguesa”, buscando côr local e musicando textos de eminentes poetas da literatura portuguesa.
Personalidade notável e decisiva na História da Música de Portugal, nasceu na antiga colónia portuguesa da ilha de S. Tomé a 22 de Abril de 1868 e faleceu em Lisboa a 1 de Junho de 1948. Reconhecido internacionalmente como uma autoridade musical de grande prestígio nas suas diversas facetas de pianista, pedagogo, compositor e musicógrafo, personifica um exemplo cabal de simbiose profunda entre as culturas portuguesa e alemã. Esta a razão primordial pela qual a FME (Fundação Marion Ehrhardt) lhe dedica este duplo CD, destacando a sua obra vocal, já que é sobretudo nos seus 25 “Lieder” [canções de câmara] para uma voz e piano, em que musicou poemas alemães, que esse intercâmbio de culturas mais intrinsecamente acontece, devido à ligação íntima com a língua e a sua respectiva literatura.
Essencialmente pianista, J. Vianna da Motta escreveu inúmeras peças para piano, tanto de inspiração local como empregando temas populares (v. “Balada” op. 16). No entanto, é de relevância observar, já através dos seus diários como do seu espólio, que, sobretudo em Berlim, se dedicou em grande parte à arte do canto, quer acompanhando cantores, quer compondo canções. A verdadeira dimensão desta realidade permaneceu desconhecida, principalmente quanto às obras de “Lied”, até aos anos oitenta do séc. XX, data em que tive o privilégio de revelar ao público o resultado da minha aturada pesquisa, através de recitais e gravações. A pedra de toque para esta tarefa a que ainda hoje dou resposta, consistiu no facto de, quando era estudante em Viena d’Áustria, ter encontrado inesperadamente o “Lied”, op. 15, n.º 3, intitulado “Ein Briefelein” [“Uma cartinha”], em manuscrito e até então desaparecido. Restituí, além de outros, os cinco “Lieder”, op. 5, que haviam sido editados por uma antiga editora alemã, mas que os tempos modernos ignoravam por completo.
CD 2 – Quanto à música de J. Vianna da Motta para quarteto de cordas, existem duas obras principais que são os dois quartetos gravados nesta edição. O primeiro, em mi bemol maior, é uma obra fértil em tentativas de construção arrojada, com momentos de grande inspiração, que o compositor iniciou aos 19 anos, a 19 de Dez. de 1887 e terminou a 22 de Nov. de 1888. O segundo, em sol maior, é mais um marco histórico de inovação que J. V. M. nos legou, no sentido da criação consciente de música culta de carácter nacional. O 1.º andamento é constituído por dois temas tratados segundo a tradição beethoveniana; o 2.º, de concepção programática, tem a denominação de “Cena nas Montanhas”e utiliza motivos populares dos Açores. O 3.º é uma dança popular, cujo 2.º tema é original do compositor, mas inspirado no cancioneiro açoriano.
Personalidade notável e decisiva na História da Música de Portugal, nasceu na antiga colónia portuguesa da ilha de S. Tomé a 22 de Abril de 1868 e faleceu em Lisboa a 1 de Junho de 1948. Reconhecido internacionalmente como uma autoridade musical de grande prestígio nas suas diversas facetas de pianista, pedagogo, compositor e musicógrafo, personifica um exemplo cabal de simbiose profunda entre as culturas portuguesa e alemã. Esta a razão primordial pela qual a FME (Fundação Marion Ehrhardt) lhe dedica este duplo CD, destacando a sua obra vocal, já que é sobretudo nos seus 25 “Lieder” [canções de câmara] para uma voz e piano, em que musicou poemas alemães, que esse intercâmbio de culturas mais intrinsecamente acontece, devido à ligação íntima com a língua e a sua respectiva literatura.
Essencialmente pianista, J. Vianna da Motta escreveu inúmeras peças para piano, tanto de inspiração local como empregando temas populares (v. “Balada” op. 16). No entanto, é de relevância observar, já através dos seus diários como do seu espólio, que, sobretudo em Berlim, se dedicou em grande parte à arte do canto, quer acompanhando cantores, quer compondo canções. A verdadeira dimensão desta realidade permaneceu desconhecida, principalmente quanto às obras de “Lied”, até aos anos oitenta do séc. XX, data em que tive o privilégio de revelar ao público o resultado da minha aturada pesquisa, através de recitais e gravações. A pedra de toque para esta tarefa a que ainda hoje dou resposta, consistiu no facto de, quando era estudante em Viena d’Áustria, ter encontrado inesperadamente o “Lied”, op. 15, n.º 3, intitulado “Ein Briefelein” [“Uma cartinha”], em manuscrito e até então desaparecido. Restituí, além de outros, os cinco “Lieder”, op. 5, que haviam sido editados por uma antiga editora alemã, mas que os tempos modernos ignoravam por completo.