JOSÉ MOZ CARRAPA
génio em ebulição
Multi-instrumentista de grandes recursos técnicos, para além de conceituado arranjador e produtor, entre outras valências, José Moz Carrapa, actualmente com 70 anos de idade e contabilizando já 45 de vida artística, tem ao longo da sua vida musical colaborado, sob diversas formas, com grande nomes da cena musical portuguesa tais como, entre muitos outros, Rui Veloso, Dulce Pontes, Salada de Frutas, Ala dos Namorados, Sei Miguel, Antonio Variações ou Tim e por isso mesmo as suas extraordinárias capacidades são por todos reconhecidas e os seus préstimos frequentemente solicitados; agora acaba finalmente por editar um disco em solitário, de titulo genérico “ Por um fio”, para o qual foi a pouco e pouco, mas seguramente, trabalhado ao longo dos últimos anos, qual meticuloso artesão, num trabalho que podemos mesmo considerar de rica e preciosa “ourivesaria musical”.
É o próprio músico que descreve o projecto contextualizando o seu gradual processo de crescimento:- “…Por um fio, é a metáfora que escolhi para este trabalho. Composto de quinze músicas, que fui registando ao longo de 30 anos em vários locais onde, por um fio, me liguei aos 220V que alimentaram o hardware necessário para o registo sonoro. Chamo a este acervo tecnológico que fui adquirindo ao longo dos anos para este fim, o Estúdio Itinerante Mecânica Celeste, que dentro de uma “valise” ou numa ou duas ”flight-cases” foi viajando comigo e ligado por um fio onde houvesse a corrente adequada.
O pretexto para as composições foi a vontade de tocar à minha maneira, sem desviar ninguém do seu caminho e para isso organizei estruturas rítmicas e harmónicas sobre as quais tinha a liberdade de fazer correr os dedos sem mais obstáculos que não fossem as minhas limitações nestes domínios.
Tudo isto foi ficando aprisionado em Hard Disks até que decidi tornar público parte deste trabalho de anos…
Contando com a colaboração preciosa de alguns músicos por quem tenho grande respeito e admiração, completei algumas das peças incluídas; foram eles o Alexandre Frazão, Alexandre Manaia, Yuri Daniel, Nanã Sousa Dias, Diogo Santos, Bernardo Fesch, Edgar Caramelo, Tomás Moital, Gabriel Gomes e Rui Alves. Outras ficaram em formato one-man-band, quando me pareceram completas.
Estamos sempre por um fio na relação entre os nossos desejos e as realizações obtidas e não sei se foi por um fio ou não, mas obtive um precioso apoio do Fundo Cultural da Sociedade Portuguesa de Autores para a realização deste disco e por isso só posso estar-lhes agradecido, assim como a todas as restantes entidades que me apoiaram ou apoiam nesta finalidade…”
Trabalho de elevada envergadura sonora e instrumental, recheado de temas inspirados, onde a criatividade anda realmente à solta, o trabalho a solo de Moz Carrapa revela-se como um disco de diversas e profundas influencias musicais onde facilmente podemos marcar encontro com um reportório tão rico e tão diverso que se estende desde fusão a kraut rock, passando pela musica electrónica e até mesmo pela musica ambiental, sendo no entanto talvez na área das musicas do Mundo que melhor o podemos situar e catalogar; no entanto e abrindo-nos o apetite, pela sua alta qualidade instrumental e sonora, para um novo projecto, concorde-se que não se poderão esperar mais 30 anos para que Moz Carrapa nos possa satisfazer esse apetite e daí a nossa esperança que desta vez ele seja mais…rápido a editar!
CD Testa de ferro/Alain Vachier