FRANCISCO SALES – inspiração

FRANCISCO SALES

FRANCISCO SALES
inspiração

Com apenas dois álbuns editados, Francisco Sales já se revelou no entanto como um inspirado compositor, um  belíssimo instrumentista e ao mesmo tempo um executante de grandes méritos, versatilidade, virtuosismo e imaginação; agora,  está de regresso com um novo disco – “Fogo na água” quer sucede ao seu anterior e muito aclamado projecto “Miles away”, que não só o deu a conhecer melhor ao publico português e estrangeiro como afirmativamente o projectou como um verdadeiro meteoro para mais altos patamares.

Perante isto, a expectativa era grande para a possível edição de um novo trabalho, que agora, já  no ocaso de 2022 acaba de ver a luz do dia , um trabalho que se constitui como o seu terceiro projecto a sol que, confessou recentemente está a servir para se reencontrar como artista: -“Sinto a tentar encontrar-me de novo como artista, mas de uma forma diferente. De certa forma como qualquer grande artista sempre fez. É fácil perceber porque a Joni Mitchell ou o Miles Davis entre tantos outros foram sempre tendo momentos diferentes nas suas carreiras. Simplesmente porque as nossas criações são fruto das nossas vivências; e é isso que me atrai na arte”.

Assim, o espírito de pesquisa e aventura do músico levaram-no ao campo da pesquisa através da elaboração de um som muito próprio, bastas vezes perfeitamente cinemático, com o seu guitarrismo a reter muitas das nuances e lições que aprendeu a estudar jazz, mas também a espraiar-se, conscientemente, por belíssimas peças atmosféricas de inspiração kraut rock capazes por si sós de transportar a imaginação para bem longe, afinal de contas tal como mestres da estirpe de Ry Cooder ou John Scofield pontualmente fizeram amiudadas vezes.

Com este seu novo álbum,  o guitarrista português entra, pode dizer-se com toda a propriedade,  numa nova fase da sua auspiciosa carreira na qual investiu nada menos de quatro anos de trabalho apresentando-se agora perfeitamente habilitado e apto a explorar as sonoridades de diferentes instrumentos – não apenas as guitarras elétrica e acústica, mas também a de doze cordas ou a icónica guitarra metálica também conhecida por dobro – para erguer e nos propor um muito emocional conjunto de peças que evocam ideias de força, luta e resiliência, navegando igualmente por algumas noções contrastantes já apontadas no título do disco -o fogo e água, a terra e o ar, elementos primordiais que aqui se traduzem em música altamente evocativa e em que uma grande e profunda identidade portuguesa é também pontualmente explorada  como por  exemplo em “Pulsar da terra”.

Uma obra de invulgar beleza melodica e instrumental que conquista facilmente qualquer ouvinte, até o mais exigente!

FRANCISCO SALES

CD Uguru / apoio: SPA