ALINE FRAZÃO – ritmos e sentimentos

ALINE FRAZÃO
ritmos e sentimentos

Constitui talvez a maior e mais agradável surpresa do ano discográfico, na área das musicas do Mundo, o novo trabalho em solitário de uma das mais carismáticas vozes africanas da actualidade- a da bela Aline Frazão; quinto projecto a solo da sua discografia, revela-nos uma artista cada vez mais segura de si mesma e das suas enormes e múltiplas potencialidades, sensual e musicalmente audaz e a cantar melhor que nunca, isto enquanto pouco a pouco, mas com certa segurança, se vai revelando cada vez mais como uma produtora de grande eficácia e bom gosto, ao mesmo tempo que a sua faceta de compositora a vai projectando cada vez mais dentro da mesma área, assumindo-se noutra vertente como uma cantautora de enorme talento e de grande expressividade.
Depois de anteriormente ter assinado um trabalho onde era evidente uma sonoridade mais introspectiva, agora, em “Uma musica angolana”, a cantora viaja por uma infinidade de ritmos de matriz africana, mais alegres, dançáveis e versáteis como são sem dúvida a massemba e a kilaponga de Angola, o batuku de Cabo Verde, o soukous do Congo ou mesmo o afoxé e o maracatu originários da terra de Chico Buarque, Caetano ou do meu grande amigo de Fortaleza – Raimundo Fagner, talvez o interprete brasileiro mais injustamente ignorado na Europa, Portugal incluído, isto apesar de ser autor de um trabalho global de altíssima qualidade; os ritmos atrás citados beneficiaram agora de uma leitura personalizada desta lindíssima nativa de Luanda que misturou e improvisou livremente ao sabor dos seus gostos pessoais, acabando por criar um naipe de inspiradas composições de altíssima qualidade, dez canções servidas por uma voz bem personalizada que vai seduzindo e encantando consoante a audição do disco avança tema a tema, em autorias que falam de amor, de liberdade sem compromissos nem cedências, de pessoas, reflexões sobre o mundo actual, de sentimentos e vivencias que representam afinal autênticos retratos gerais do dia-a-dia de cada um de nós e da própria Aline em particular e onde, apesar da grande qualidade evidente de cada uma das composições, ouso salientar três delas – “Luanda”, “Fumo” e a belíssima leitura pessoal e músical que Ricardo Ribeiro assina de “Valsa da libertação”da autoria do meu querido e saudoso amigo e poeta nortenho Pedro Homem de Melo…
Um grande disco da área das músicas do Mundo, simultaneamente um dos trabalhos mais marcantes do ano editorial!

CD Valentim de Carvalho