A Canção de Coimbra é um género artístico expressivo surgido no século XIX e consolidado no século XX, que se encontra profundamente inscrito no imaginário académico e popular. Nos meios estudantis, materializa-se através de ritos como a serenata, de recitais de palco e salão e de prestações vocais e instrumentais. Está associada a uma paisagem sonora fortemente delimitada por vocalizações ariosas e pelos sons da Guitarra de Coimbra.
Em meados da década de 1920 as editoras fonográficas internacionais redescobrem o mercado português e passam a incluir nos seus catálogos registos sonoros ilustrativos de práticas musicais regionais expressivas desenvolvidas por profissionais e por amadores.
A Canção de Coimbra era, à época, um género artístico performativo praticado por amadores, incluindo estudantes da Universidade de Coimbra e membros da comunidade popular coimbrã. O comércio de partituras impressas, a indústria fonográfica de inícios do século XX, as digressões de estudantes a Espanha, França e Brasil, e as tournées de companhias portuguesas de teatro ao Brasil tinham contribuído para a internacionalização da Canção de Coimbra no período da Belle Époque.
Percebida como um género ecléctico associado a mecanismos de transmissão oral, a Canção de Coimbra era comunicada através de serenatas de cortejamento amoroso, de serenatas festivas, de recitais artísticos, de convívios de salão, de partituras e de fonogramas. Nos meios estudantis predominavam as formações juvenis masculinas, constituídas por cantores (tenores e barítonos) e executantes de instrumentos (guitarras e violas).