“Há algo de megalómano neste disco de estreia de Pedro Branco.
Como se iniciasse o seu percurso com um álbum de tributo, cheio de colaboradores e de pequenos luxos. Mas a excentricidade justifica-se. É que, apesar de desconhecido do público, Pedro não é propriamente um novato. Este professor e escritor de canções tem já uma longa carreira, mas confinada a um discreto círculo. Só agora, desta forma relativamente exuberante, se mostra ao mundo, com os ingredientes de um big bang, como se todo este material estivesse comprimido e só agora encontrasse uma oportunidade para se expandir.
Talvez o facto de ser filho de José Mário Branco o tenha inibido de gravar um disco antes. Carrega uma herança pesada. E ouvindo Contigo fica claro que, também musicalmente ela se revela: não só no timbre de voz, mas também no estilo dos arranjos e mesmo na ligação explícita às artes de palco e à palavra.
Aliás, o disco está montado como se de um espectáculo se tratasse. Os momentos musicais são intercalados com a leitura de histórias, da autoria de Manuela de Freitas, José Luis Outono, Júlio Machado Vaz, Rui Chafes, José Fanha e Alexandre Honrado. E, à medida que o disco avança, vai entrando em estúdio uma série de convidados que lhe dão cor, como João Afonso, Jacqueline Fernandez, Ana Lains, Yara Gutkin, Beatriz Portugal, Carlos Alberto Moniz e mesmo o Coro de Santa Amaro de Oeiras.
Musicalmente é de grande riqueza. Pedro Branco não só revela ser um escritor de canções, numa linha clássica, mas também um arranjador notável, com uma visão ampla sobre a sua própria música.”
Manuel Halpern, na Visão Se7e do dia 21 de maio de 2018