Uma cantata a-cappella não é coisa comum de se ver. E, totalmente focada em matéria pré-existente, popular ademais, ainda menos.
Além disso, porque de trechos singulares se constitui esta, cada um desses trechos funciona lindamente sozinho. Mas ganha outro alcance, outras ressonâncias, outra dimensão quando ocupa o lugar que o Compositor lhe atribuíu na sua pessoalíssima reconstituição do modo como o povo de Portugal se assenhoreou da narrativa de Lucas sobre o nascimento do Menino. Sucedem-se, uns atrás de outros, momentos tocantes de beleza, carregados do bucolismo que os mais positivos de nós não deixam de associar à quadra em que ocorre o solstício dos dias curtos e frios, na roda das estações. Primeira Cantata do Natal!