Arthur Paredes – Pioneirismo, genialidade e modernidade
“Desnecessário será descrever a alegria e a enorme satisfação com que vi chegar, finalmente, o dia de editar uma obra desta envergadura, pois foram longos anos de reuniões e de conversas, de adiamentos e de promessas de apoio não cumpridas.
Mas aquilo que me tem caracterizado, ao longo destes quase 35 anos, desde que criei a Tradisom, é a férrea perseverança; direi, mesmo, a inquebrantável teimosia de levar por diante aquilo em que acredito e que, além do mais, sinto que é necessário trazer à luz do dia. Como poderia eu desistir de editar uma obra que nos dá a conhecer toda a história dessa grande figura da música portuguesa que foi Arthur Paredes? E, curiosamente, julgo que a minha persistência foi premiada, tornando a minha satisfação ainda maior, pelo facto de a edição deste livro se concretizar no ano do Centenário do nascimento do seu filho, Carlos Paredes, também ele um mestre, reconhecido como o maior executante de guitarra portuguesa.
Este livro é um estudo pormenorizado e criterioso que, estou convencido, irá agradar a todos os que admiram Arthur Paredes e Carlos Paredes e que gostam da guitarra portuguesa, em geral, já que, a par da obra completa de Arthur Paredes, decidimos incluir os registos sonoros dos instrumentistas que o antecederam. São registos que recuam até aos primórdios do início da gravação em Portugal – que, agora já sabemos, se situa no final do ano de 1900, na cidade do Porto – e tornam esta obra um documento único e histórico. Basta dizer que nos discos que são parte integrante desta obra vamos poder escutar – a maioria pela primeira vez – lendas como Luis Petroline, Reynaldo Varella, Thomaz Ribeiro, Anthero da Veiga, Manuel Rodrigues Paredes, Flávio Rodrigues da Silva, Francisco Caetano, Miguel Peres de Vasconcelos ou Manassés de Lacerda.
Se, como lamentei anteriormente, muitos foram os obstáculos e entraves à concretização desta obra, felizmente, também recebi o apoio de diversas entidades e pessoas, sem o qual esta obra nunca teria existido.
Antes de mais, destacaria o autor do texto, António Manuel Nunes, a quem fico eternamente grato pelo seu exímio trabalho de investigação e pela paciência de ter esperado alguns anos até ver este livro publicado. O meu caro António Manuel Nunes há muito que vem dedicando a sua vida ao estudo de tudo o que tem a ver com Coimbra, em termos musicais, entenda-se. E teve, durante décadas, ao seu lado, o saudoso Coronel Anjos de Carvalho, que visitei algumas vezes em sua casa, nos Olivais, e cujo valiosíssimo espólio os seus herdeiros decidiram doar à Universidade de Aveiro. Esta dupla escreveu dezenas e dezenas de textos no conhecido blogue “A Guitarra de Coimbra”, que foi, para mim, uma preciosa fonte de informação.
Também muito agradeço ao meu amigo e colecionador João Pedro Almeida Rocha, pela sua imprescindível colaboração na cedência das gravações dos acetatos, uma enorme mais-valia para a obra; ao Carlos Nascimento, pela qualidade habitual do seu trabalho na transcrição e masterização desses mesmos acetatos; ao Isaac Raimundo, que digitalizou e masterizou os discos de 78 rotações, e ao saudoso António Pires, que fez a revisão dos textos.
Por fim, é claro que esta obra não seria viável sem os apoios que recebi do Ministério da Cultura, da Câmara Municipal de Coimbra, da Câmara Municipal de Lisboa, da Sociedade Portuguesa de Autores e do Museu do Fado (obrigado, amiga Sara Pereira!).”
José Moças




















