O Raízes foi uma paixão arrebatadora que Vila Verde amou perdidamente desde que nasceu, malgrado o olhar desatento com que o poder local desse tempo (des)tratou esta pérola da nossa cultura popular. Mas lá fora, no país e no estrangeiro, por mais de mil vezes, foi bonita a festa, pá!
E perdurou! Mais velho, é certo, mas, porventura, com outro asseio que só a idade pode e sabe dar.
Quatro décadas depois, a chama permanece incandescente pela dedicada e inquebrantável paixão do Xico Malheiro. Resiliente, persistente e verdadeiramente único, no diálogo maravilhoso que mantém com as cordas, sobretudo. Um encantamento vê-lo e ouvi-lo em todos os lugares por onde vai.
Por entre caminhos e veredas, sinuosas, por vezes, de terra chã e fértil, por tantas outas, aqui chegou, depois de “Raízes”, “Diabo do Belho”, “Caminho D´Água” e “Sexta-feira 13”, sempre com a marca-d’água indelével do Xico Malheiro, a raiz mais (pro)funda de que se retroalimenta por estes dias o projeto e se reinventa e vivifica um pouco por todo o lado, mas, principalmente, entre o Minho e a Galiza, que, como João Verde, tão bem (e)namora com a sagaz cumplicidade do Xojé Luis Rivas “Mini”, um exaltante companheiro de estrada e intrépido militante da pátria galega.
Entre arranjos e originais, por agora vai-se cantar o Minho nos seus acordes tradicionais e populares únicos e intemporais, ajeitados pelo talento do Xico Malheiro, homem de outras artes (Técnico de Saúde de profissão e, também, por formação, de Construção Civil), que toca mil instrumentos e, entre tantos, de forma arrebatadora e magistral, o cavaquinho. Com todos, constrói a cada instante um tear, aonde tece encantadoras filigranas musicais, que nos adoçam o coração e afagam a alma nestes tempos de angustiante inquietude em que (sobre)vivemos.
E, por merecimento, vamos lançar-lhe cravos vermelhos mais uma vez.
Alberto Nídio