POESIA E IMPROVISOS DE VIOLINO
Poucos poetas, no presente, nos colocam tão de frente para os ziguezagues da vida como Estima de Oliveira. Pesquisador-lapidador da lusa palavra poética, o Alberto ainda tem mais: traz consigo os tambores, os ecos, os movimentos corporais oralizados de vulcões ou de riachos, de vidas e de mortes. A esta poesia se juntaram a expressiva intervenção de Hélder Fernando, que declamou, e de Carlos Damas que utilizou o seu violino como poucos o saberiam fazer.
Além dos poemas de Alberto Estima de Oliveira, participaram Helder Fernando como declamador e Carlos Damas com os seus improvisos no violino.
Este disco contém um livreto de 44 páginas.
Estima de Oliveira possui e preserva a noção singular dum tempo, que a sua poesia manda ser continuo e perpétuo, lógico e ilógico, de raciocínio matemático ou de inegável fluidez.
É isto que sentimos na leitura da sua poesia. Foi isto que sentimos quando apareceu a hipótese de registar em disco uma pequena parte da sua obra.
Duas ou três longas noites passadas em estúdio até bebermos a manhã, representam das mais férteis experiências que vivemos. E dos mais nobres prazeres que a vida deu a algumas pessoas.
Exigente que o Alberto era, nunca problematizou qualquer nuance fruto da interpretação dos seus poemas pelos intervenientes. Como autor, em estúdio, jamais hierarquizou posições. Trabalhou-se sempre em pé de igualdade; o poeta, o intérprete das palavras, a criatividade do músico, e engenho dos técnicos de som. Até mesmo os criativos que conceberam esta capa e este livreto.
Acreditamos que este disco tenha sido um atalho para se chegar ao fantástico legado poético de Alberto Estima de Oliveira (1934-2008).