MÚSICA PORTUGUESA ANTIGA E POPULAR
Gravado em Macau no ano de 1993
O disco agora editado representa a concretização de um projeto coletivo do Coral Dinamene que, assim, e para além das atuações que tem realizado regularmente, culmina o empenho e o esforço de todos os seus elementos ao cabo de mais de quatro anos de existência.
Não sendo um grupo profissional – a maioria dos seus elementos não sabe, sequer, ler música – é, no entanto, um grupo empenhado, constituído por pessoas que, em comum, têm o gosto de cantar em conjunto.
Daqui se pode inferior que qualquer trabalho que realiza representa um esforço redobrado de concentração e apreensão não só das melodias em si, mas de todo o ambiente que se pretende criar em cada peça. São muitas horas roubadas aos tempos livres, para alguns escassos, e até ao sono, como aconteceu nas gravações em estúdio do presente álbum
Meus olhos van per lo mar, para além de dar nome ao disco, é uma das peças que o integram e representa as sucessivas gerações lusitanas que, da ponta mais ocidental da Europa, se vieram espraiando mar adentro até pousarem nestas longínquas paragens de contrastes feitas.
Meus olhos van per lo mar, para além de dar nome ao disco, é uma das peças que o integram e representa as sucessivas gerações lusitanas que, da ponta mais ocidental da Europa, se vieram espraiando mar adentro até pousarem nestas longínquas paragens de contrastes feitas.
Para além da aspiração natural que qualquer grupo coral tem de ver a sua obra gravada em disco, como mais uma etapa da sua evolução, pretendeu o Coral Dinamene na realidade sui generis que Macau representa, deixar um contributo, à sua dimensão, para a divulgação de um dos aspectos da cultura portuguesa em terras do Oriente.
A escolha do repertório teve como preocupação básica a selecção de música portuguesa, antiga e de raiz popular, fazendo a maior parte das peças parte do já vasto repertório do grupo. Houve, no entanto, que montar algumas outras, nomeadamente música palaciana e religiosa, peças estas que são interpretadas apenas por alguns elementos de cada naipe, formando coros reduzidos, uma vez que esse tipo de música, sobretudo a palaciana, era originalmente assim executada. De registar a popular Bastiana, canção macaense em patuá e o soneto de Camões Alma Minha Gentil… qu8e foi simultaneamente, a peça que mais tempo levou a montar, até pelo tipo de harmonias a que o grupo está menos habituado, as, sem dúvida, aquela que maior sensibilidade “arrancou” dos coralistas. A Dinamene gentil que inspirou ao Poeta as palavras que enchem o seu soneto (e que, decerto, ressoaram no Éter, tal é a sua força) foi magistralmente musicada pelo Padre Maberini, que viveu em Macau no primeiro quartel do século passado.