ANTÓNIO GARCEZ – o regresso de um rocker

ANTÓNIO GARCEZ

ANTÓNIO GARCEZ
o regresso de um rocker

Quando se fala na generalidade do panorama rock em Portugal  feito por nacionais, quer em português, quer em  língua estrangeira, há sempre a propensão, para não dizer uma errada mania, de se etiquetar Rui Veloso como “pai” do rock português; a grande verdade é que muito antes de ter aparecido nas luzes da ribalta o criador e interprete de “Chico fininho” essa mesma área musical já era “habitada” por muitas vozes, algumas delas de grande nível, que geralmente eram os front-man vocais de muitas bandas que, ensaiando a maior parte delas em garagens exíguas dos mais diversos bairros habitacionais , com especial enfoque nos de Lisboa e do Porto( Amial, Foz do Douro, etc.), estrelavam as muitas festas de finalistas, bailes de fim-de-semana, concursos musicais ou passagens de ano em hotéis de maior ou menor expressão, um pouco por esse País fora…

Dentre todos de que assim de repente me recordo, até porque lidei de perto com muitos deles enquanto vocalista dos portuenses Topkapi e mais tarde como um dos fundadores do primeiro jornal de música em Portugal-  “A memória do elefante”, tenho que salientar forçosamente entre outros mais os nomes de José Cid, Fernando Girão ( apelidado carinhosamente em Braga e no Porto por “very nice”), Daniel Bacelar, Victor Gomes, que à frente dos seus famosos Gatos Negros foi sem dúvida a primeira grande rock star nacional e aquele que no Norte do país, já bastante avançado e arrojado para o seu tempo, dava já mostras de poder vir a singrar no futuro, quer como líder vocal de uma qualquer banda, quer como cantor  solista- António Garcez.

Durante muitos anos ele foi sem dúvida o vocal cartão de apresentação de inúmeros grupos nortenhos de renome como os Psico, Pentagono, Stick, Arte & Ofício ou Roxigénio, qualquer um deles já nessa altura com uma plêiade de admiradores e seguidores comparável à dos melhores grupos musicais e artistas das décadas que se seguiram quando a promoção, marketing, rádio e imprensa, e embora ainda que timidamente a TV, já eram os factores principais e primordiais responsáveis pelo sucesso e para que um qualquer artista ou grupo pudesse singrar, fazer carreira e angariar sucesso…

Pioneiro vocalista, dono de grande e pensada atitude cénica, na altura e para alguns algo discutível, com várias provocações em palco, por vezes semi-obscenas e afrontamentos ao público, Antonio Garcez, era para alem dum interprete de excepção, talvez o mais controverso, rebelde e ousado dos rockers de então, um homem para quem o palco era o seu local de eleição e o rock uma espécie de religião; depois de uma série de aventuras e peripécias na sua vida pessoal encontra-se neste momento, e desde há muitos anos já,  sediado nos EUA onde casou, teve descendência e se manteve em termos musicais atento a tudo e a todos, de tal modo que reapareceu agora em grande estilo e com um novo trabalho em disco – “Vinde ver isto” onde explana todas as suas grandes e intactas capacidades de interprete e autor propondo-nos  dez composições inspiradas, plenas de vitalidade, ornamentadas por grandes riffs bem na linha do habitual reportório e sonoridade de gigantes do rock e do hard rock como os  Journey, Rush, Aerosmith, Van Halen ou Ted Nugent , entre outros e provando assim a tudo e a todos que afinal de contas é mesmo como o vinho fino e generoso do Douro- quanto mais idade, melhor!!!

Caracterizado por uma secção rítmica proeminente e uma potente sonoridade, que até acabam por constituir a cama perfeita para uma mão cheia de vocalizações arrasadoras e por vezes até agressivas, a nova proposta discográfica do icónico  António Garcez é um grande disco, que denota um intenso e enorme power vocal, bem no estilo de grandes composições do panorama hard-rock que geralmente caracteriza trabalhos de gente como os Led Zeppelin, The Who, Red Hot Chilli Peppers, Def Leppard, Metallica ou de sua excelência o “rei” incontestado de New Jersey- Bruce “the boss” Springsteen!

Um disco que aconselho vivamente aos milhares de adeptos do rock, mas que deverá preferencialmente ser ouvido bem alto e nos traz de volta um dinossauro excelentíssimo (no bom sentido entenda-se) que dá pelo nome de António Garcez, de quem, muitos de nós, amantes de rock  de há longa data ,tínhamos  muitas, muitas saudades mesmo de ouvir cantar, na sua voz forte e tão característica !!!

E já agora:- para quando o regresso deste icon aos palcos portugueses? Tem a palavra os muitos promotores nacionais…

   

ANTÓNIO GARCEZ

CD Edição de autor/Arde records